R7

R7
R7

SBT afirma que terá beijo gay em sua novela

A dramaturgia está assumidamente colorida. Hoje em dia, é difícil uma novela ou seriado que não tenha um personagem gay. Na Globo, por exemplo, a safra de papéis homossexuais está em alta. Na grade da emissora carioca, oito deles estão no ar. Só na novela das 9, Insensato Coração, são seis. No folhetim que acabou de estrear no SBT, Amor e Revolução, há mais seis personagens homossexuais. No total, 16 gays estão na telinha brasileira atualmente. Tem executivo, advogado, jornalista. Hoje, aliás, mais um representante da comunidade GLS chega à tela da Globo, com um seriado só dele: o cabeleireiro Nelson, vivido por Jorge Fernando em Macho Man. Mas ele não será um simples gay, e sim, um ex-gay.

Impossível? Não para os escritores Fernanda Young e Alexandre Machado, que assinam o seriado Macho Man, que terá 14 episódios, que estreia hoje, às 23h25. “Nossa intenção é divertir. Se houver algum grupo gay que implique com isso, será uma tolice”, diz Fernanda. “Estamos dando um tratamento diferenciado para a temática. Afinal, não é mais inovador personagens gays em si”, completa Alexandre. É verdade, tendo em vista que o primeiro gay das novelas apareceu em O Rebu (1974), quando Marian Ziembinski interpretou o ricaço Conrad Mahler.

No entanto, com o passar do tempo, os homossexuais ganharam outra cara na TV. Segundo o diretor do portal GLS Mix Brasil, André Fischer, os gays têm sido retratados de forma mais realista. “Antes, nas novelas, eles não tinham conflitos. Agora, eles têm, como qualquer outro personagem”, analisa. Foi assim na trama das 7 Ti-ti-ti, que desenvolveu nove papéis de homossexuais. Dois deles, com profundidade. Primeiro, Thales (Armando Babaioff), que se revelou gay após incentivo de amigos. Segundo, o cabeleireiro Julinho (André Arteche), que perdeu o parceiro Osmar (Gustavo Leão) nos primeiros capítulos. “Escrevi essas histórias com a mesma emoção das histórias de amor entre homens e mulheres”, diz a autora Maria Adelaide Amaral, que, apesar de apresentar um considerável número de homossexuais em seu folhetim, não fez o polêmico beijo gay ir ao ar. Segundo ela, a maior parte dos telespectadores ainda não quer ver essa cena. “No início da novela, sondamos o público sobre a possibilidade de um beijo. E a grande maioria não queria vê-lo entre pessoas do mesmo sexo”, diz a autora.

Por outro lado, o Ministério da Justiça (MJ) não põe empecilhos para que a polêmica cena vá ao ar. “Para a classificação indicativa, a orientação sexual não é critério para classificar programa de TV ou qualquer outra obra audiovisual”, diz Davi Ulisses Brasil, diretor do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do MJ.

Tabu resistente
Mas, pelo visto, o beijo continuará sendo um tabu a não ser quebrado na Globo. Afinal, em Insensato Coração o time colorido – Eduardo (Rodrigo Andrade), Nelson (Edson Fieschi), Hugo (Marcos Damigo), Xicão (Wendel Bendelack) e Araci (Cristiana Oliveira)– não tem relacionamentos. A não ser que surja um grande amor para Roni (Leonardo Miggiorin), que se destaca neste grupo. O coautor Ricardo Linhares diz que o personagem tem dado um bom retorno. “Ele não é um gay caricato de humorístico. Vai além do clichê da pintosa”, diz Linhares.

Entretanto, em carta endereçada à Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) – e divulgada na imprensa em fevereiro deste ano –, o diretor da Central Globo de Comunicação, Luís Erlanger, explicou que não é de interesse da emissora mostrar o beijo gay. “A teledramaturgia – diferentemente das questões éticas e sociais – não é o ambiente adequado para levantar bandeiras de comportamento moral no campo da sexualidade, baseada na individualidade. Televisão é o espaço do coletivo”, afirmou o executivo, na carta.


Tudo indica que a missão de derrubar esse tabu caberá ao SBT – já que a Record não tem nenhum personagem gay no ar. Em Amor e Revolução, que estreou na última terça-feira, há seis personagens gays, em plena época da ditadura. E será, possivelmente, entre a advogada Marcela (Luciana Vendramini) e a jornalista Marina (Gisele Tigre) que acontecerá uma grande cena de romance.


“Já gravamos uma cena de beijo. Mas o diretor (Reynaldo Boury) falou para nos prepararmos para uma grande cena de amor”, disse Luciana Vendramini ao JT. Parece que agora vai. Resta esperar para ver se a cena será exibida. Afinal, segundo o sociólogo da USP Laurindo Leal Filho, todo mundo já descobriu que esse tipo de personagem rende audiência. “Só que isso não vai durar muito tempo, pois já não é mais algo inusitado”. Com tantos personagens homossexuais em cena, agora só falta o beijo gay. Até quando?
COMPARTILHAR:

+1

0 Comentario "SBT afirma que terá beijo gay em sua novela"

Postar um comentário

Horario de Brasilia