Consolidada em suas manhãs, que rendem bons índices de audiência e de faturamento com jornalísticos e com o "Hoje em Dia", e estável no horário nobre, com suas novelas e jornais, a Record segue tentando emplacar a sua faixa vespertina. Se por um lado está bem à frente de seus concorrentes na faixa da manhã e da noite, o canal tem sua programação equiparada a emissoras como Band e Cultura no que diz respeito à disputa de audiência. E quando está à frente das rivais, exibe uma programação aquém de sua capacidade.
Nos últimos dez anos, foram raros os tempos em que a Record teve uma boa programação vespertina. A atração de Eliana, em 2004, foi um desses raros momentos. O "Tudo a Ver", com Patrícia Maldonado e Paulo Henrique Amorim, foi outro. O "Sônia e Você" ainda é inferior à grade atual, mas pelo menos mobilizava uma produção interessada em levar conteúdo inédito à casa do telespectador. Hoje não há nada disso.
O que se vê na grade da Record pela tarde é uma maratona de duas horas e meia com o "Record Notícias", com suas manchetes policiais, vídeos de câmera de segurança ou reprises de matérias do "Jornal da Record" e "Domingo Espetacular". Logo após, mais reprises com o "Tudo a Ver". O programa, agora com Tina Roma, reprisa "o outro lado" do "Domingo Espetacular", com matérias de comportamento, e também tira do acervo materiais de cinco, seis anos atrás. Depois? Mais reprises de "Todo Mundo Odeia o Chris", que chega a exibir o mesmo episódio a cada uma semana e meia.
Nos últimos anos, o que se viu também foi uma sucessão de erros na tentativa de emplacar algum programa. "O Preço Certo", com Juan Alba, não deu certo e estreou com prazo de validade estipulado. "O Contratado", de Maria Cândida, também não. A tentativa de colocar Olivier Anquier e Maria Cândida juntos em um novo "Programa da Tarde" manteve a linha de tentativas frustradas. Nem mesmo os enlatados do "Cine Aventura" agradaram. Talvez o menos pior teria sido a ideia do "Geraldo Brasil", afinal houve investimento, verba e produção, embora o bom gosto tenha ficado de fora.
Por que a Record é tão instável em sua faixa vespertina? A resposta está na própria Record. A alta cúpula, liderada por Honorilton Gonçalves, que trabalha de manhã e de noite, não parece ser a alta cúpula que trabalha pela tarde. Não há projetos... Não há um caminho a ser seguido. O único programa que poderia dar certo seria o que Vildomar Batista estava sendo cotado para dirigir e que teria Britto Jr. no comando, porém o projeto foi esvaziado antes mesmo de seguir a diante. Caso houvesse investimentos contínuos e em um programa sólido, como houve pela manhã, com certeza a estabilidade seria maior e a emissora não estaria passando por vexames de 2, 3 ou 4 pontos de média. Além disso, o faturamento certamente seria maior, afinal uma edição exibida apenas para São Paulo e com apenas dois intervalos do "Record Notícias" e a maratona de "Todo Mundo Odeia o Chris" praticamente ininterrupta não deve render grandes frutos.
A Record deveria saber que formatos fechados, como os exibidos anteriormente, não têm futuro. O que existe futuro são quadros dentro de programas amplos, como revistas eletrônicas. A versatilidade dentro de uma atração aberta pode ser a chave do sucesso. É difícil acreditar até mesmo no êxito do "E Aí, Doutor?", que será lançado em breve. Quem sabe renda bons índices no começo mas não deve se sustentar por muito tempo.
A conclusão que se chega até agora é que o interesse da Record é ter uma grade barata e, na medida do possível, rentável. Os seus diretores devem pensar que não há motivos para investir, afinal as reprises do "Tudo a Ver", mesmo lá com seus 3 ou 4 pontos, conseguem estar disputando pela vice-liderança. E quando a novela da Globo está em baixa, o "Tudo a Ver" decola para 7 ou 8 pontos e aí é que somem os motivos para fazer investimentos, afinal 8 pontos é quase o dobro do que o caro "Hoje em Dia" rende em algumas de suas edições.
O resultado de pensamentos como estes está nas mãos do telespectador. Agora o "Hoje em Dia" é um programa consolidado, o maior faturamento das manhãs, uma verdadeira vitrine que a própria Globo ainda não tem no horário para seus produtos. Já a faixa da tarde segue no ostracismo, sendo selecionada pelo telespectador apenas quando a concorrência consegue a proeza de exibir produtos mais fracos.
Máteria Original do: Site NA TELINHA
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